domingo, 26 de abril de 2009

Chega-te ao pé de mim... e murmura

Hoje preciso de ser abraçada.
Precisava que alguém quisesse abraçar-me.
Sentir os braços apertados à minha volta, tão apertados que mal me deixariam respirar.
Sinto-os a chegarem cada vez mais perto...
A agarrarem-me, cheios de força,
Mas tão meigos e gentis ao mesmo tempo.
Agarram-me como se não houvesse amanhã.
Como se não conseguissem viver sem me ter.
Os braços seguram-me e o mundo pára.
Não quero que me largem, sinto-me segura.
E eu estou a adorar cada segundo,
O sentimento de pertença.
Calor humano.
Não me conseguem largar e eu não suportaria que me largassem.
Sinto a pressão contra o meu corpo,
A necessidade que eles têm de me sentir.
De me ter contra eles.
Sinto um pequeno murmúrio.
Tão subtil como uma leve brisa de verão.
Os meus ouvidos saboreiam-no.
Murmúrios, palavras que ficam.

Hoje precisava que precisassem de mim.
Precisava de ser abraçada.

Hoje precisava que alguém não soubesse viver sem mim.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cresci, pai.
Cresci, mãe.
Com todas as infantilidades que ainda me invadem, com todas as más decisões que ainda tomo, com todos os defeitos, ingenuidades e até mesmo com todas as criancices, eu cresci. Sei já distinguir o certo do errado, sei já o que é ter a consciência pesada por um erro que cometi, sei já o que é pagar por um erro. Tenho noção dos limites do aceitável e sei também aquilo que tenho de fazer para chegar a certos sítios. A teoria está cá toda, aprendi-a muito bem e sei muito bem pô-la em prática, mas agora, é a minha vez. É a minha vez de mostrar o que aprendi. Agora, as decisões são minhas. Preciso de voar, segundo as minhas regras. Preciso de viver, segundo as minhas regras. Eu já sei o que é sentir felicidade, tristeza, angústia. Já aprendi o que me magoa, já sei o que me faz feliz. Já descobri exactamente quais as palavras que me deitam abaixo e as que me levantam para cima. Conheço-me já e por isso sei que ainda tenho muito por conhecer e que muito há-de ficar por conhecer. Já conheço as minhas fraquezas. É verdade que não sei lidar com os meus sentimentos. Mas afinal, quem é que sabe? Sei também que há muito que não sei sobre o mundo e sobre a vida. Sei que tenho muito a aprender, mas só o sei, porque há muitas outras coisas que eu já descobri. Felizmente, já sei o que é sentir-se levitar, já sei o que é quase morrer de dor, o que é sofrer com a sensação de que nunca se voltará a sofrer tanto, já sei o que é desejar morrer. Já sei o que é ter medo, o que é ter pavor. Já vivi a angústia e a frustração. Já vivi a paixão. Mais que tudo, eu já vivi o meu equilíbrio, já tive a sensação de pertença, a sensação de encontrar a outra metade de mim. A sensação de que por uma coisa, tudo vale a pena. A sensação de que o mundo está no seu exacto lugar. A sensação de preenchimento total. A sensação de momentos de pura felicidade. Sei o que é estar no êxtase. A sensação de que, num momento, a vida pode ser perfeita. Já sei o que é. Já encontrei o que muitos nunca chegam sequer a sonhar encontrar. Já posso dizer, sei o que é melhor para mim. Neste momento da vida, isto é o melhor para mim. Sei-o com todas as minhas forças. Agora, isto é o melhor para mim. Claro que sei que tudo é ultrapassável e sei que não seria o fim do mundo. Não, não seria. Haveria coisas boas e coisas más, como em tudo. Sei que conseguiria. Conseguiria e sairia de cabeça erguida, ciente de que teria feito tudo o que podia para alcançar o objectivo, simplesmente porque é assim que eu sou. Mas não teria vivido. Não teria sido eu. Conheço a infelicidade e vejo-a à minha frente, como um espelho. Para que me forçam a fazer este esforço, este esforço de alcançar um objectivo que não é meu, se me vai dar uma dor tão funda que à noite, enrolada nos lençóis, vou chorar e pedir colo? Para quê se eu sei que me vai desgastar, que me vai tornar mais fria, que me vai tornar mais resignada, mais egoísta, mais amargurada, tudo coisas que eu já sou e que não preciso de ser mais. Se eu sei disso, para que é que mo fazem? Vou estar a fazer um esforço enorme de adaptação, de estudo, de integração, de conhecimento, com o fim de alcançar um objectivo que não é meu. Que gozo me dá saber que cumpri um objectivo que só me invade a alma de lágrimas. Parabéns! Parabéns?! Parabéns? Que valor têm esses parabéns? Parabéns que me dão por um objectivo que era vosso. Vou esfolar-me viva, por um objectivo, um orgulho que será vosso. Quando no final me disserem:
- Foste fantástica. Recuperaste coisas que pareciam impossíveis de recuperar na tua situação e deste a volta por cima.
Quando mo disserem, eu vou sentir um vazio. Um vazio cortante, de um sucesso indesejado. Eu sou já capaz de tomar decisões, erradas ou acertadas, são as minhas decisões. As decisões de acordo com o meu discernimento, eu já o tenho. A capacidade intelectual, não serve só em termos académicos, serve na vida. Não consegui isto sozinha, consegui-o com vocês, que me educaram, que me ajudaram a tornar-me naquilo que sou hoje. Eu já sei o que é melhor para mim. Tenho uma característica, que é, independentemente do que seja, quando entro em qualquer coisa, tenho de consegui-la. Quando tenho um objectivo, chego até ele. Custe o que custar. Se tiver que me virar sozinha, eu sei que o consigo fazer, simplesmente porque não me meto em coisas que não consiga fazer. A minha vida, este sofrimento, este aperto que não sai, quero tirá-lo. Eu sei o que faço. Só quero voar. Acreditem, eu não vou cair. Sei o que é sentir-me nas núvens, por favor, não mo tirem, nem por um minuto. Eu sou capaz. Sei que sou capaz. Sei que sou capaz de viver. Viver como identidade pessoal que sou. Tornei-me numa identidade pessoal.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Midnight chats

I light up a candle and it burns throughout the night. It keeps burning all through the day. When I get home again, it's there, still burning, with the same intensity. I know the candle will keep on burning untill I need it to burn. I will keep it burning.
Mesmo que mas tenhas levado, eu sei que elas vão voltar. Eu sei.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Considerações

Eu devia estar a chorar, a fazer o "luto". Eu devia estar a choramingar e a sentir pena de mim mesma, e era isso que me apetecia estar a fazer.
Mas não estou.
Estou deitada na cama, a ouvir música e a escrever.
Estou a pensar na vida, nos problemas, nas frustrações.
Estou a pensar em todas as razões que tenho para me lamentar.
Mas mesmo assim, não me estou a lamentar.
É assim, tenho quebras, momentos de fraqueza.
Coisas que simplesmente não consigo evitar. Agora, no momento em que estou sozinha, rodeada só por mim e por livros, no momento em que podia fraquejar, estou a enrijecer.
Quero as minhas palavras. Quero-as de volta. Foste embora e levaste-as contigo, quero-as de volta.
Podes ter-me levado tudo, mas quero as minhas palavras.
Despiste-me, deixaste-me ao frio, tu, vida madrasta.
E mesmo assim, hoje, agora, esta noite, não me arrancam uma escorregadela.
Mas quando vacilei... ela estava comigo. Não me posso queixar.
É por isso que hoje não me lamento, porque quem tem o conforto de alguém, não se pode dar ao luxo de se queixar.
Agora vou fechar os olhos e sonhar... Sonhar connosco.
Sonhar com o que poderíamos ter sido, eu e tu.
Ophélia e Hamlet.
O que poderíamos ter sido...