quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Olha para cima e para baixo

Não escrevo como antes. Antes tinha que parar-me de vir aqui escrever, agora tenho que forçar-me sequer a abrir a página. O que é que aconteceu? Este foi um lugar tão especial por tantos meses e agora não me diz nada? Disse tanta coisa, tanta coisa que não devia... Cresci tanto e agora olho para cima e para baixo e não sei. Não sei. Costumava escrever sobre todas as certezas que tinha, e agora... Não sei. Estou constantemente à procura, a mudar de opinião e não concebo que não seja assim. A minha vida dá voltas e voltas, não sei o que vai acontecer depois, como é que posso manter-me com as mesmas convicções? Antes era mais intransigente, intolerante e achava que estava sempre certa. Agora vejo que isso nem era de todo mau. Lutava por alguma coisa, tinha a maior certeza do que queria, vivia tudo muito mais intensamente. Alguns diriam que amadureci, já não sou tão irracional e por isso não me comporto tão instintivamente. Foda-se isso tudo. A única coisa que sei é que agora as palavras já não me saiem e em vez de acreditar com todo o meu ser em alguma coisa, vagueio sem destino, sabendo que nada é eterno. Não sou capaz de restringir-me a uma única só vontade porque já sei que novas experiências vão surgir e que tudo vai mudar novamente. Agora?? Agora já não crio laços para não ter que os quebrar. Agora já não me apego como antes, só porque não suportaria vê-los ser arrancados diante dos meus olhos outra vez. Outra vez não. Para onde vou? O que procuro? Estou farta de perguntas. Chega desta merda. Chega. Algum dia vou ter que começar a dizer que não. Merda. Que vazio. Que vazio. Quando me for embora daqui, vou chorar? Não.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Como?

O branco por cima do cinzento arrasta a cor e deixa-a partir.
Deixamos que nos levem o que amamos e ficamos a olhar enquanto desaparecem na linha do horizonte.
Na minha mente corro em busca do que deixei que me levassem, mas na realidade, os meus pés afundam-se na terra e não saiem do mesmo lugar.
Está na hora de deixar, de começar, de levantar, de decidir. A medalha perdeu o valor dela e nem sei mais porque escrevo.
Antes queria dizer alguma coisa, cada palavra posicionada no seu lugar para dar um certo significado à frase. Mas não. Não dou. Não deixo. Não consigo.
E o que despertava a minha tristeza já não existe. Estou para além das lágrimas, já não consigo chorá-las, nem contê-las, nem senti-las.
Estou cansada e não saio do mesmo lugar há horas. As minhas pernas congelaram e os meus braços começam a encraquilhar-se.
Não sei distinguir o real do irreal nem o bonito do feio.
As pétalas de uma flor são me iguais aos destroços de uma casa somente feita de cimento.
Já vi, ouvi e disse as coisas que mais temo. E continuo aqui.
Porque todos os suicidas têm medo de morrer. É verdade, aquela coragem que se vê nos filmes, não existe. Quando confrontados com a morte, todos temos medo. Mas às vezes a dor e a aflição conseguem ultrapassar esse medo.
A nossa mente tem poderes que não temos capacidade para entender. Leva-nos a lugares obscuros em que o céu está fundido com o chão.
É um lugar sem vida.
Mas só o é porque a morte nunca lá chegou.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

How am I supposed to deal with this?
I'm a big girl now...
I shall not cry. I'll cry no more.
Even though, I'm still a little baby
Please...
Bring me back.

I would come back to life,
My eyes would say yes.
Right now,
They say I'm a bitch,
I bet you can guess.
You say I hit because I can... But baby,
Can't you see you're all I had?

And now you left,
I don't seem to know how to deal with it...
What can I do?
I just can't take this through...
I don't seem to understand
I just wish we could all
Just put our head in the sand.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ignorância bela, tão bela...

E esta enxaqueca,
E as diversas agulhas que se espetam em névoa entre as minhas sobrancelhas.
Quem as vais parar?
E quem irá parar a dor que transborda a alma...?
Quem irá parar o desespero que nem sempre dá sinais de vida?
O que levará a morte quando ela vier?
Acho que nada.
Nada vai e nada vem, porque nada existe.
Somos todos apenas uma miragem. Mas uma miragem tão perfeita que se ergue nas nossas mentes com toda a clareza e pormenor.
Cabe àqueles que de vez em quando se apercebem, tentar forçar a realidade a impôr-se.
A realidade, no entanto é invariavelmente distorcida à causa de sonhos, fantasias e esperanças.
Dizem, os grandes, que os temos para nos distrair da desgraça.
Para aproveitar a vida como ela se apresenta à vista desarmada.
Digo eu que os temos para nos taparem os olhos e nos impedirem de seguir em frente.
De aceitar aquilo que não temos força para mudar.
A verdade é que mudar alguma coisa não consta na nossa lista de possibilidades.
Foi arrastada pela invencível corrente marítima e agora só resta a areia.
Vou desenhar na areia e retomar à infância.
Vou ser feliz por alguns momentos...
Esperem aqui, eu já volto...