Eu devia estar a chorar, a fazer o "luto". Eu devia estar a choramingar e a sentir pena de mim mesma, e era isso que me apetecia estar a fazer.
Mas não estou.
Estou deitada na cama, a ouvir música e a escrever.
Estou a pensar na vida, nos problemas, nas frustrações.
Estou a pensar em todas as razões que tenho para me lamentar.
Mas mesmo assim, não me estou a lamentar.
É assim, tenho quebras, momentos de fraqueza.
Coisas que simplesmente não consigo evitar. Agora, no momento em que estou sozinha, rodeada só por mim e por livros, no momento em que podia fraquejar, estou a enrijecer.
Quero as minhas palavras. Quero-as de volta. Foste embora e levaste-as contigo, quero-as de volta.
Podes ter-me levado tudo, mas quero as minhas palavras.
Despiste-me, deixaste-me ao frio, tu, vida madrasta.
E mesmo assim, hoje, agora, esta noite, não me arrancam uma escorregadela.
Mas quando vacilei... ela estava comigo. Não me posso queixar.
É por isso que hoje não me lamento, porque quem tem o conforto de alguém, não se pode dar ao luxo de se queixar.
Agora vou fechar os olhos e sonhar... Sonhar connosco.
Sonhar com o que poderíamos ter sido, eu e tu.
Ophélia e Hamlet.
O que poderíamos ter sido...
As palavras enclausuradas nos livros anseiam por ser lidas... enquanto que as que esvoaçam livremente vindas do nosso mais profundo interior, continuam a girar à volta da nossa cabeça.
ResponderEliminarAcredito que essas durem e pesem mais que as dos livros, mas as que só quando tu queres te dizem alguma coisa são percorridas pelos teus olhos e podem esconder muita liberdade por trás.
As palavras são tuas... não precisas de as pedir de volta. São tuas e podes fazer com elas o que bem te aprouver. Rasgá-las, amá-las, esperá-las só mais uma vez... mas elas já são tuas, já as conseguiste e percebeste à tua maneira uma vez.
Poderão sair livremente do fundo de outra pessoa e vão ser as mesmas palavras... o que está por trás delas é que é diferente meu amor.
As improbabilidades fazem-nos perder tanto do nosso precioso tempo! Não percas! Corre, corre, corre! Até te doer o corpo todo até a alma não puder mais de tanto ofegar palavras giratórias no pensamento. Sê paciente... (não te digo para teres calma porque até estás demasiado, mas sê paciente) Quando menos se espera as improbabilidades tornam-se verdades inquestionáveis.
Brincam conosco e parece que tudo foi em vão...
Não foi... porque tu é que mandas nas palavras! Tu é que lhe dás o significado que bem entenderes! Tu é que decides chamar Azul ao teu gato amarelo e tu é que podes ralhar com ele ameaçando dar-lhe com o martelo quando só vais dar uma lata de Whiskas como todos os dias.
ADORO-TE (dá o sentido que bem entenderes a esta palavra, mas o que eu quero dizer ao escrevê-la é que não consigo pensar em ti como a Mafalda, porque agora és a Mafalda minha amiga)