Soltem gargalhadas,
Soltem risos,
Banalizem o pouco que ainda resta.
Afugentem-me, façam-no, porque sou eu que já não quero.
Mas tenho medo de já não querer.
Tenho medo de tomar uma posição, de fortalecer, de me fazer um homem.
Não me culpem, todos temos fraquezas.
Se calhar as minhas estão mais à vista, ou então se calhar estão mais escondidas...
Escondidas atrás de um pano, para escutar toda a conversa.
Soltem gritos,
Soltem palmas,
Vulgarizem o que ainda resta.
Façam-no, por mim, por vocês, pela humanidade.
Banalizem tudo, para que mais ninguém, senão eu e deus, saiba da desgraça.
Saltem, corram, dançem e anunciem a chegada do messias.
O que eu queria agora era uma injecção de adrenalina, ou talvez de estupidez.
Pagaria uma fortuna para ser estúpida.
Para não entender o que entendo.
Mas também não entendo grande de coisa... aliás, não entendo nada.
É que eu já não entendo nada.
Agora basta-me pegar na minha máscara número 1604 e sintonizar na frequência da nostalgia.
Adormeçam as tormentas, pode ser que elas assim não explodam e fiquemos a salvo.
Contem com isso, que assim salvaremos a humanidade.
Acho que foi o melhor plano de salvação alguma vez feito.
Descobri a pólvora.
Continuem a varrer para debaixo do tapete. Enquanto ninguém souber do estado degradante da humanidade, ninguém sofre com isso e continuamos a viver alegremente.
Fantástico, gritem, batam palmas.
A genialidade comove-me.
A genialidade de assumir a estupidez como saída, comove-me.
Mas, realmente, seria ignorância da minha parte achar que tratar de assuntos com inteligência seria um bom caminho para a salvação.
O mundo é uma selva, salve-se quem puder.
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